Numa enquete com provedores de perfil corporativo, apenas um ainda não partiu para a implementação desse modelo de abstração radical da estrutura
Os provedores brasileiros de infraestrutura na nuvem, representados pela AbraHosting (que respondem por 60% do tráfego da Internet no Brasil), estão se movendo rapidamente para explorar um novo e mais radical modelo de virtualização de processos denominado “computação por container”.
Depois de consolidar suas ofertas de serviços através da configuração de máquinas virtuais (ou virtual machines) em lugar dos servidores físicos, o que eles começam a ofertar agora é um tipo de infraestrutura ainda mais abstrato. Na computação por container, o processamento de aplicações do cliente não acontece nem mesmo em uma máquina virtual específica, com sua configuração de servidor, bancos de dados, etc; e sim através da alocação de recursos para “microsserviços” de processamento localizados em qualquer parte da nuvem e adquiridos no modelo pay as you go (ou pague pelo que usar).
De acordo com Luís Carlos dos Anjos, presidente da AbraHosting, esta arquitetura de serviços mais flexível, e sem limites de hardware, é fundamental para suportar novas formas de negócios online, como aplicativos de transporte urbano, fast-food sob demanda, pequenas compras com entrega instantânea ou venda de filmes em streaming para assinantes. “Parte desses negócios “disrupitivos” provoca grandes picos de demanda de computação em certos horários, dias ou épocas do ano, e geram ociosidade significativa em outros”, afirma o executivo.
Em uma enquete realizada com seis provedores representativos de sua base de associados, a AbraHosting detectou que a maior parte dos fornecedores de infraestrutura em nuvem já está ofertando serviços nesse tipo de ambiente, como é o caso da KingHost, Hosting Machine, CentralServer e EVEO. Entre seis associados consultados, apenas um ainda não vê a containerização como prioridade para o curto prazo.
Cada ‘core business’ em seu quadrado
Na visão de Steve Ambrus, gerente geral da Hosting Machine, o processamento por container tende a se consolidar como padrão para o mercado corporativo de hospedagem em nuvem, mas isto depende em grande parte do modelo de negócios de cada cliente. “Se o core business dessa empresa exigir o processamento simultâneo de demandas envolvendo milhares de dispositivos móveis, por exemplo, nada mais natural do que partir para o microsserviço”, avalia Ambrus.
Segundo Juliano Simões, CEO da CentralServer, o grande benefício do modelo está na execução de aplicações , que pode ser realizada em diferentes lugares, sem a necessidade de alteração de códigos. “No conceito ‘build once, run anywhere’, o programador cria sua aplicação num notebook e simplesmente a envia para o provedor em nuvem, colocando-a imediatamente em produção”, explica ele.
“Na comparação com a hospedagem virtual ou física tradicionais, fica claro que o uso de containers torna mais eficiente o suporte a aplicações e aumenta a rapidez da ativação de serviços, exigindo tempo muito menor em testes e configuração”, acrescenta Juliano Primavesi, CEO da KingHost.
Uma das primeiras empresas a implementar sua estrutura de containers no Brasil, a EVEO, já tem uma parte significativa de suas receitas baseada na entrega de SaaS e IaaS para grandes usuários de aplicações interativas que necessitam de capacidade de computação elástica. “Não temos dúvida de que este modelo irá explodir nos próximos anos, mas a avalanche só vai ocorrer depois que os chamados big three (uma referência às gigantes Amazon, Google e Microsoft) resolverem impor este padrão”, acredita João Júnior, diretor de negócios da EVEO.
Na visão do especialista, o mercado global ainda está um passo atrás em relação a esta explosão porque há muitas empresas – inclusive algumas muito grandes – que ainda estão relutando até mesmo em abolir suas instalações físicas próprias (on-premise) e iniciar a decolagem para a nuvem.
Na visão do especialista, o mercado global ainda está um passo atrás em relação a esta explosão porque há muitas empresas – inclusive algumas muito grandes – que ainda estão relutando até mesmo em abolir suas instalações físicas próprias (on-premise) e iniciar a decolagem para a nuvem.