O mercado de banda larga fixa via satélite sofreu retração, mas é alvo de disputa global.


No Brasil, o número de conexões de banda larga fixa via satélite tem diminuído. Em dezembro de 2022, havia 324.4 mil assinantes no país. Contudo, esse número caiu para 294.5 mil em maio deste ano. Isso se deve em grande parte ao surgimento de novas tecnologias, como o 5G, mais atraentes aos olhos dos consumidores.

Apesar da queda, as gigantes do setor continuam de olho no mercado interno. Starlink, Viasat e Hughes estão investindo maciçamente em melhorias para o serviço e partem em busca de novos clientes. O objetivo é superar obstáculos e tornar o serviço mais competitivo.

Nos tópicos seguintes, vamos explicar o que é a banda larga via satélite e o que essa tecnologia tem a oferecer.

O mercado deve crescer na próxima década

O mercado global de internet via satélite deve crescer 21.9% ao ano e faturar 10,5 bilhões de dólares até 2028, diz uma pesquisa da KBV Research. Segundo o estudo, esse crescimento é influenciado pela demanda por conectividade em regiões rurais e isoladas.

Além disso, o relatório aponta que países em desenvolvimento, como Índia, Malásia e Vietnã, estão aderindo cada vez mais a esses serviços, o que impacta o mercado mundial.

Outro levantamento, da Grand View Research, também prevê um aumento do mercado de internet via satélite nos próximos anos, mas revela números mais modestos. De acordo com o instituto, o mercado global de internet via satélite foi avaliado em USD 8.231,47 milhões em 2022 e deve apresentar uma taxa de crescimento anual composta de 13.6% entre 2023 e 2030.

Os indicadores demonstram que o segmento continua em expansão e tem potencial para o futuro.

O que é a banda larga fixa via satélite e como ela funciona?

Estar desconectado é praticamente impensável na sociedade atual, principalmente nos centros urbanos. Afinal, é inegável que o acesso à rede facilita e muito o dia a dia.

No entanto, em áreas rurais ou remotas, o acesso à rede por meio de infraestrutura terrestre é insuficiente ou até mesmo inexistente, colaborando para o isolamento de comunidades e diminuindo a oferta de serviços. Nesse cenário, a internet via satélite surge como uma alternativa.

O serviço consiste no uso de satélites artificiais em órbita terrestre para transmitir e receber informações através de sinais de rádio. Essa troca de sinais ocorre entre uma antena localizada na Terra e os satélites. As bandas comumente utilizadas são a Ku e a Ka.

Assim, a banda larga fixa via satélite se diferencia dos serviços de banda larga terrestres, como a linha digital de assinante (DSL) e o cabo, que dependem de cabos e fios para funcionar.

Conheça as vantagens e desvantagens da banda larga fixa via satélite

A banda larga fixa via satélite, assim como qualquer outra modalidade de acesso à internet, tem prós e contras para os usuários, que devem ser avaliados ao considerar assinar esse serviço.

Veja quais são:

Vantagens

  • Cobertura global: como já mencionado, a internet via satélite chega a lugares que, de outra forma, não teriam acesso à rede. Isso amplia o leque de oportunidades e serviços disponíveis para populações rurais ou isoladas geograficamente, influenciando áreas como comércio, trabalho, saúde, cultura e lazer;
  • Rapidez na instalação: requer apenas uma antena parabólica e um modem para operar, sem necessidade de adaptação da fiação;
  • Independência de fatores climáticos: opera em situações adversas, nas quais outras modalidades de acesso à internet costumam “cair”;
  • Segurança da transmissão: utiliza criptografia de ponta e codificação para proteger a transmissão de dados, dificultando invasões e “sequestros”.

Desvantagens 

  • Preço: geralmente é mais caro do que os serviços de banda larga terrestres;
  • Franquia de dados limitada: costuma ter uma quantidade máxima de dados que pode ser usada mensalmente, que depende do plano contratado.
  • Oscilação da latência: corresponde ao tempo que os sinais levam para “viajar” entre a antena e o satélite. Diversos fatores podem influenciar essa latência, desde a distância entre o usuário e o satélite até as condições atmosféricas;
  • Interferência com outros serviços de satélite ou astronômicos: pode interferir com outros serviços que usam frequências parecidas ou prejudicar observações astronômicas.

O futuro (e desafios) da banda larga fixa via satélite

O Governo Federal publicou em 2020 uma Medida Provisória para incentivar a diversificação dos meios de acesso à internet de alta velocidade, reduzindo impostos sobre antenas de pequeno porte de banda larga via satélite (Vsat).

Anteriormente, as taxas do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) e outras encareciam e dificultavam a contratação do serviço. No entanto, a medida reduziu as cobranças que incidiam sobre as antenas de pequeno porte, facilitando a expansão do serviço.

De acordo com o Ministério das Comunicações, o país pode ganhar R$ 4,4 bilhões entre 2021 e 2030 com essa medida. Ela também pretende estimular o aumento do número de antenas Vsat no país em cinco anos, passando de 350 mil para quase 750 mil.

Gigantes estão em expansão 

A Starlink, projeto de internet via satélite da SpaceX, que tem Elon Musk à frente, começou a funcionar no Brasil. Com a promessa de alta velocidade e baixa latência, a empresa dobrou o número de clientes no país em maio de 2023, em comparação com abril.

Já a americana Viasat lançou um serviço pré-pago de internet no primeiro trimestre. Em abril, a empresa enviou ao espaço o satélite ViaSat 3 Américas para ampliar sua capacidade de atendimento nas regiões Norte e Centro-Oeste. O satélite é um dos três que compõem um sistema que pretende fornecer conexão para quase todo o globo.

Em julho de 2023, a Hughes, outra empresa estadunidense, lançou o Júpiter 3, o maior satélite de comunicação geoestacionário em órbita. Lançado pelo foguete Falcon Heavy, da  , ele possui uma velocidade de 500 Gbps. Sua cobertura abrange diversos países, incluindo o Canadá, os Estados Unidos e toda a América do Sul.

Desafios para o crescimento 

  • Reduzir o custo do serviço e do equipamento;
  • Aumentar a velocidade de transmissão de dados e reduzir a latência;
  • Evitar a interferência com outros serviços de satélite ou astronômicos;
  • Adaptar-se às novas tecnologias como o 5G.

Saiba mais sobre as tendências e oportunidades do mercado de banda larga no Brasil na nossa seção de artigos.

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