A que se deve o avanço das redes neutras no Brasil?


Nos últimos anos, o uso de redes neutras tem ganhado destaque no cenário das telecomunicações brasileiras. Dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) revelam que, entre 2020 e 2022, o número de provedores que operam exclusivamente com suas próprias redes caiu de 70% para 60%, enquanto 40% das empresas optaram por utilizar infraestrutura de terceiros, escolhendo as redes neutras.

Definição e modelo de negócio

As redes neutras são infraestruturas de fibra óptica compartilhadas entre diferentes operadoras. Esse modelo permite que provedores de internet aluguem a infraestrutura necessária, enquanto os locadores mantêm a responsabilidade pela conexão dos usuários finais.

Em outras palavras, um operador neutro possibilita que várias companhias utilizem a mesma infraestrutura, seja ela de fibra óptica, cabos metálicos, redes móveis ou até mesmo satélite. De fato, o consumidor final nem precisa saber que está conectado nesse tipo de rede.

Vale ressaltar que todo o atendimento, desde a instalação até o suporte técnico, é feito pela operadora contratada.

Redes neutras x operadoras virtuais

É importante destacar que as redes neutras são completamente distintas das operadoras virtuais. Enquanto as operadoras virtuais revendem a infraestrutura existente sem controle e gerência de rede, as redes neutras se caracterizam por fazer altos investimentos na infraestrutura de telecomunicações e vender essa capacidade para vários “inquilinos”. Assim, há otimização do uso da infraestrutura construída.

Empresas, consumidores e as cidades têm benefícios com a adoção de redes neutras

Para as empresas provedoras de internet, as redes neutras representam economia de capital, permitindo que elas alcancem cidades inteiras sem gastar recursos com a criação e manutenção de uma rede própria.

Por outro lado, essas redes garantem conectividade de alta qualidade, especialmente em regiões remotas, fomentando o desenvolvimento local. Outro benefício é a resolução de desafios urbanísticos, como a sobrecarga de cabos em postes de energia.

Nesse sentido, a Política Nacional do Compartilhamento de Postes, conhecida como “Poste Legal”, tem como objetivo reorganizar o uso compartilhado de postes no Brasil. Essa política aborda questões relacionadas à sobrecarga, segurança e estabelece regras para capacidade de carga, acesso igualitário, preços competitivos e manutenção compartilhada.

Um olhar sobre o mercado

As redes neutras representam aproximadamente 20% do mercado de banda larga do Brasil, avalia o presidente da Fibrasil, André Krieger.. Essa parcela significativa demonstra a relevância desse modelo para o setor de telecomunicações.

Ao permitir que diferentes provedores compartilhem a mesma infraestrutura, elas incentivam a concorrência entre as empresas e a expansão da conectividade. Novos players podem entrar no mercado sem a necessidade de construir redes próprias, reduzindo custos e acelerando o acesso à internet em áreas antes até então desatendidas.

Redes neutras são parceiras do 5G

Com a chegada do 5G, as redes neutras assumem um papel estratégico. O 5G promete transformações como maior velocidade de transferência de dados, tempo de resposta reduzido, maior capacidade de dispositivos conectados e conexões mais estáveis. As redes são essenciais para a implementação eficaz do 5G, proporcionando a infraestrutura necessária para suportar o grande fluxo de dados em alta velocidade que essa tecnologia exige.

Dessa forma, sem redes robustas, a experiência do 5G seria limitada, comprometendo seu potencial. Portanto, investir em infraestrutura neutra é fundamental para garantir que o Brasil esteja preparado para a próxima geração de conectividade móvel.

Inclusão digital cresce no Brasil com as redes neutras

O avanço das redes neutras no Brasil representa um movimento positivo no setor de telecomunicações. À medida que o país caminha para uma era de maior conectividade, elas são elementos fundamentais para promover a inclusão digital.

O maior acesso à conectividade proporcionada por essas redes permite que mais pessoas acessem serviços online, como educação remota e oportunidades de trabalho. Em regiões rurais e afastadas, onde a infraestrutura tradicional é escassa, elas podem ser a chave para superar a exclusão digital e impulsionar a economia.